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agalma

talvez a emoção que menos estimule o poeta seja a alegria, tão breve e rara de sentir

talvez a emoção que menos estimule o poeta seja a alegria, tão breve e rara de sentir

Teatro São Luiz - O fim, de Gonçalo M. Tavares e encenação de Diogo Freitas

Falando da velhice ouvimos uma velha, uma jovem mulher grávida e um homem com um molho de balões brancos num atrium de hospital, lugar onde todos poderemos encontrar-nos e conversar. Porque, para além do amor, a morte também é um nivelador humano, o mais óbvio e definitivo. Aparece também um enfermeiro, figura enérgica e malabarista.

A velhice é uma estação, lá para o fim do caminho, que todos sabemos existir. A ousadia está em pensar que vamos por lá passar melhor do que outros. Acenando e sorrindo no comboio, não sair e esperar que a viagem continue com paisagens bonitas enquanto continuamos conversas agradáveis e estimulantes com pessoas como nós. Pessoas que não se entregam e que não querem assumir fragilidades com fatalismo.

O segredo é não sair do comboio.

Não sair.

Entretanto já passámos por tantas outras estações. De doenças. De acidentes incapacitantes. De guerras. De fome. De infâncias bonitas. De generosidade. De alegria. De gargalhadas contagiantes. De maldade. De amor.

A vida é muito bonita e os balanços, por norma, agigantam-nos energias, especialmente se fizermos frente à solidão. Requer força, porque a solidão pesa, mas a generosidade e a valorização da nossa companhia contornam-na, a maior parte das vezes, com graça e elegância.

Siga a viagem.

a insuportável leveza da hipocrisia

tão leve, parece de algodão. Do doce. Sorrisos.

Nem gritos nem verdade.

Concordâncias, só as oficiais.

Lágrimas, se a tanto se chegar, são as emotivas, de encantamento.

Reverência aos grandes egos, pelo menos até se conhecer o seu tamanho, não vá a vida tecer enganos e o que pensamos ser small vir a ser um XXL. Nunca se deve colidir com um ego XXL. Artigo qualquer coisa do código, actual, da conduta humana.

Pois é, ando com a paciência a zeros para estas parvoíces do show off.

Mas, pronto, não quero para já perder completamente a esperança e vou pensar que é por a realidade (guerras, pobreza, ganância) andar tão obviamente triste que se passam para o reino da fantasia. Não seria melhor gastar essa energia a ser útil?

o medo da cobrança (embora só aos parvos passe pela cabeça cobrar algum tipo de desabafo)

sinto, em pessoas desconhecidas, a necessidade e a alegria de partilharem confidências, com nomes de intervenientes e tudo o que sirva para sustentar a conversa. Já nos conhecidos e amigos as histórias não andam tão claras. A prudência do compromisso anda ao rubro. Claramente que me tenho rido e emocionado mais vezes quando converso com desconhecidos.

Citações

André Gide, Les Nourritures Terrestres: Em verdade te digo, Natanael, cada desejo enriqueceu-me mais do que a posse sempre falsa do objecto do meu desejo.

Espinosa, Ética: não apetecemos nem desejamos qualquer coisa porque a consideramos boa; mas, ao contrário, julgamos que uma coisa é boa porque tendemos para ela, porque a queremos, a apetecemos e desejamos.

A Fada do Lar, de João Maia

Óptima surpresa este filme português. Argumento nada pretensioso conseguindo ser, no entanto, sério, actual e engraçado, tudo ao mesmo tempo. Por mero acaso cola com o livro que ando a ler, Misericórdia de Lídia Jorge, e de que estou a gostar.

Todos grandes actores - sou fã do nosso cinema-, mas comoveu-me o Grande Sérgio Godinho que admiro e que ainda me surpreende. Maravilha. Lembro-me de o ver em filmes ainda jovem e espigado e aparece agora a fazer de residente num lar de idosos a tocar piano. Há pessoas irresistíveis que nunca desarmam e mantêm a coerência. Esperança aumentada na humanidade. Joana Metrass é também uma boa actriz, que não conhecia, e muito bonita.

Um serão com cheirinho a canela.

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