Lisboa
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pintura a óleo, Rui Couto
como devem ser todos os abandonos.
pintura a óleo, Rui Couto
aceita o meu convite e vamos passear a pé ou de bicicleta. Vamos falar.
Andas confundida com a leviandade com que se fala de generosidade e de condescendência, como se fosse o mesmo gesto.
Eu sei.
Também não compreendo o orgulho com que se pormenoriza a prática da caridade
nem as listas de espera para se ser voluntário em tantas áreas – é o que me dizem.
Em vez do devido fica a obrigação de agradecer, para sempre. Porque as soluções de fundo estão aguadas.
Anda, vamos andar de bicicleta, sentir o ar na cara e no cabelo e rir de qualquer coisa a que vamos achar graça ao mesmo tempo.
é a alavanca
é o sopro de ar
em que planamos
e que nos dá sustento
pintura a óleo, Rui Couto
numa fúria de vontade e fantasias
vão surgindo traços e cores
e dessa inquietação, enfim, desaguada
reconheço-me, em espelho
como resposta
pintura a óleo, Rui Couto
o valor do amor, da liberdade e da justiça, apagadores de guerras, desemprego e pobreza.
Há muito para fazer na nossa sociedade aparentemente satisfeita, e muito mais noutros continentes, tanto que não compreendo o desemprego, senão como estratégia.
A ciência tem evoluído bastante – a nível militar e da saúde – mas na aplicação para um bem estar generalizado precisa da companhia da arte, a garra do sonho.
Lendo as reflexões dos clássicos é assombroso, em 2016, vivermos tão mal a nível mundial. Não aprendemos com os erros, a ganância não tem fundo? Que estranho. Há que restabelecer uma agricultura mais saudável e que não agrida o ambiente desta maneira, não é preciso haver tantos lucros, tanto dinheiro na mão de tão poucos.
Vamos dar as mãos, de olhos abertos.
pintura a óleo, Rui Couto
medir a distância das ondas e a profundidade do mar
medir o tempo, a velocidade do vento e a lonjura do sol.
Saber quanto pesa o amor quando me olhas
e calcular o grau de felicidade em que vives.
Saber que a ampulheta nunca pára
e não saber quantas curvas tem o caminho.
Saber que a curiosidade e a esperança são mais fortes do que a precisão.
está mesmo, mesmo, juntinha a uma floresta onde vive um lobo mau. Como a avó está doente, a Capuchinho Vermelho, sua neta, alegre e boa menina vai levar-lhe, esta manhã, uma cestinha com o almoço ainda quentinho. Ainda não sabe, mas o lobo mau vai lá estar, vestido de avozinha, e como tem muita fome e uma boca grande vai querer comê-la.
Esta história tem muito que se lhe diga. Dependemos muito da generosidade uns dos outros, já sabemos. Aqui a menina leva o almoço feito pela sua mãe – filha ou nora da avozinha - supondo que foi comprado com o dinheiro que o pai ganhou a trabalhar fora de casa.
A debilidade dos velhos afastados para casas vizinhas da floresta – imagem de mil perigos, entre os quais a existência de animais esfomeados - põe a cru a solidão e o seu único remédio, a boa disposição e a atenção de quem se ama. O remédio que mais conta.
Muita coisa mudou, a indústria farmacêutica, felizmente, tem tido imensos lucros mas também resultados. A avozinha dos dias de hoje, ficará de cama em casos muito graves, repartida a estadia com os hospitais, ou então - eu prefiro esta hipótese - porque partiu uma perna numa manifestação a favor de uma reorganização mais humanitária da sociedade. Mas está bem disposta, já falou hoje com a neta pelo telemóvel e sabe que ela passará por lá, com os pais, a caminho da escola e que não será necessário levar comida quentinha porque a avó tem micro-ondas e comida no frigorífico suficiente.
Embora com outros meios mais confortáveis, a avozinha continua a ser a avozinha.
E a netinha será sempre o recomeço.
E, além de inevitável, é lindo.