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Entrou no comboio como se continuasse a pisar chão firme, decidida, bem cuidada e, por incrível que pareça, ainda não eram oito da manhã.
Assim que se sentou tirou da carteira o telemóvel que dedilhou com competência e sem sorrisos, um pouco arrogante mesmo. Levantou-se antes de chegar à estação e saiu pela porta, apesar de, nalgum momento eu ter pensado que não lhe seria difícil sair pela janela.
Há pouco romantismo nesta geração. Poucas gargalhadas e muita competição.
as mãos entrelaçadas e cúmplices,
escondidas,
dão sinal aos olhos para sorrirem
desafiadores, em público.
Valioso este livro. Pela generosidade, rigor, disponibilidade e por tudo o que há de bom na natureza humana.
Fala das conversas e do que observou em duas viagens feitas à Indonésia, Irão, Paquistão e Malásia, uma em 1979 e a outra em 1995. O ponto de partida foi a curiosidade e o desejo de querer entender a vivência ou a assimilação da religião islâmica na vida das pessoas em contextos de guerra, de colonização ou anexação e em tempos de paz ou de progresso.
Como sabemos, a nobreza sente-se como se vê um nariz, está na cara e é difícil de mascarar. Neste livro sentimo-la e ficamos mais conscientes de que, como dizia o poeta, somos sempre nós e as nossas circunstâncias. Somos levados a olhar para as opções e decisões que os entrevistados e seus pais ou avós tomaram no contexto histórico que as justificam, ou não, mas que lhes dão o enquadramento indispensável para que possam ser compreendidas.
É esta herança de quem somos e por que somos que nos move e anima. Nalguns casos recusam-se fundamentalismos que não encaixam com o funcionamento da vida moderna, enquanto noutros, e perante realidades sem saída, o fanatismo encontra caminho. E a conclusão não serve só para esta religião, a honestidade alarga-se a todos os cantos da vida.
Na crença ou para além da crença, existimos com a consciência do fim da vida e isso deveria ser o suficiente para vivermos em harmonia, não fazer guerras, sermos mais solidários, dançarmos valsas ou praticarmos mais o cante alentejano, sempre nos encostamos uns aos outros, cantamos e é bonito.