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É um consolo saber que não estamos abandonados à maldade e à ignorância de uns tantos poderosos, para quem os povos servem apenas como força de trabalho ou como coros de aplausos e de enquadramento dos seus interesses. Existem muitas pessoas, igualmente poderosas, que nos seus caminhos tiveram tempo, bondade e compaixão para ir ajudando a calar os gritos mais fundos.
Este filme foi pensado e realizado por uma mulher que toda a vida foi uma activista cívica, para além de excelente atriz, e que apesar dos seus oitenta anos continua virada para o mundo, de frente e com os olhos abertos, usando, para ajudar e chamar a atenção, o reconhecimento ético que merecidamente lhe pertence. Tanto mais que não está sozinha. Apresenta-se com muitas pessoas empenhadas em lembrar a Declaração Universal dos Direitos do Homem e a circunstância de ser pensada e redigida a seguir às grandes guerras, para que não se voltasse a repetir. Para que houvesse garantias de que todos os governantes respeitariam, para além dos interesses económicos ou estratégicos mais apetitosos, os direitos básicos da vida humana.
Compara as fugas e o desespero dos refugiados de ontem e de hoje.
Se bem percebi, os separadores são mantas térmicas de sobrevivência. Amarrotadas.
a solidão não gosta de encontrar pétalas bonitas caídas no chão.
Lembram lágrimas felizes que lavam a cara
a quem se abraça para desfazer saudades.
Por falar em coisas que valem a pena, convém lembrar que o actual mantra de aceitação de tudo o que acontece, tem muito pouco de humildade.
É mais um convencimento moderno daquilo que é politicamente correcto. Fazem-se uns molhos de contrariedades, mal atados e que se aguentam uns tempos, mas é certo e sabido que se vão desatar em qualquer altura. Normalmente, em sede errada, porque não se andou triste, decepcionado ou frustrado o tempo suficiente para clarificar as intenções e o resultado.
No meu tempo a este estado de desamparo, que podia demorar, chamávamos andar numa altura de angústia existencial. Moía-se tudo e o regresso era feito com algum entusiasmo.
Acho que era mais saudável porque, quando assim era sentido, compreendia-se e dava-se espaço à tristeza, ao luto e às feridas das querelas que sempre existiram e que vamos continuando a ter uns com os outros. Desviar tudo isto para o estado continuado do tudo bem é mais artificial que o plástico. Ainda bem que os cientistas estão, já na fase de apuro, na posse da tal enzima.