no meu alpendre
as glicínias regadas ficam com gotas de água
que lembram colares de ametista,
fartos, cintilantes e preciosos.
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as glicínias regadas ficam com gotas de água
que lembram colares de ametista,
fartos, cintilantes e preciosos.
Uma reflexão inteligente e humanista sobre os tempos que vivemos. Sem alarmismos mas sentindo a urgência de sabermos que os nossos comportamentos já deveriam ter mudado ontem.
É preciso parar para pensar. Hoje e sem fundamentalismos. Não é possível, nem necessário, voltarmos à caverna, até, porque têm sido valiosos os benefícios que a tecnologia nos tem dado para resolver tantas tarefas que anteriormente escravizavam quem as fazia. Também já não é possível ignorar as provas da agressão que tem sido feita ao mundo natural, na terra, no ar e no mar os recursos escasseiam e estão adulterados. Mas, sobretudo, não podemos continuar a aceitar tantas imposições de mercado que nos criem ainda mais necessidades. Estou a lembrar-me do turismo massificado e dos gastos ambientais que provoca comparando, na maioria das vezes, com a banalidade da experiência.
Há um desajuste entre a realidade e a sua representação não só entre garotos, quando se fala nos vídeos com armas e a sua significação real, mas também entre nós, adultos, o que se torna grave pela indiferença, e consequente demora, na mudança de atitudes como resposta.
Reflecte ainda, e bem, na atitude política porque a vida é política, como sabemos, e o RBI é uma solução quase a curto prazo, dado o desemprego a que já se assiste.
Por tudo isto precisamos, mesmo, de parar de funcionar para podermos pensar.
Estive muito tempo sem ler este escritor, e até me estranhei quando, assim de repente, quase sem pensar, entrei na livraria e comprei dois livros dele. A festa da insignificância e Os testamentos traídos. O primeiro li-o como me lembrava de ler Milan Kundera, sem surpresa. Fala de quatro amigos já com caminho andado e louva as pequenas situações e emoções do dia a dia como o tesouro dourado a alcançar, festejando a insignificância de tudo, sem se importarem verdadeiramente com coisa nenhuma, apesar da ironia habitual quando fala da vida contemporânea – na alusão ao desfile de umbigos - e às feridas antigas da guerra. Para mim é pouco. Preciso de sentir valores sem ironia, como a indignação e a gratidão.
Talvez por isso gostei de ler o segundo livro. Uma reflexão minuciosa sobre, essencialmente duas artes, criar música e escrever romances, mas também sobre a lealdade. De quem recebe e divulga as obras e o mau uso que tantas vezes ocorre.