É revelador dos tempos que vivemos ver este filme. É necessário recorrer às fábulas, como a queda de um penhasco não implicar a morte, para que a doçura e generosidade do rapaz Lázaro, que na comunidade é visto como tolo, ser compreendida e aceite.
Envolvente com a capacidade de sofrimento dos que menos podem e com a resistência que fazem à mudança, sempre precária e sobrevivente tem, quanto a mim, um momento altíssimo, quando a música que se ouve numa igreja abandona o órgão porque a bondade se afasta e vai atras da autenticidade de Lázaro.
Um livro diferente a falar de viagens e a contar histórias. Não no modo de relato e de precisão geográfica e nem com a formalidade do conto contado e acabado, antes na intermitência psíquica e física que nos anima e que impulsiona as nossas errâncias e descobertas.
Bem escrito e bem conseguido em referências cientificas e históricas e sem esquecer a poesia recorre, em detalhe e com muita frequência, à plastinação. Quando acabei e fechei o livro senti-me desconcertada, é que sendo o mundo tão vasto, e não podendo nós abarcar tudo, é natural que tenhamos de nos deter em pormenores, mas este é, seguramente, um que não me acende curiosidades.