eu não sou daqui nem dali. Sou lunática e errática e limpo e esfrego para me prender ao chão e não voar. Acredito que, brevemente, teremos uma pandemia de fraternidade e de alegria. Acredito na lealdade. Acredito que os peixes também sabem cantar, belíssimo livro de Halldór Laxness que acabei de ler. Acredito na dignidade e no amor. E nos sonhos e na poesia.
Sempre houve pessoas geniais. Não sabia que James Murray , no século dezanove e após décadas de tentativas da sociedade académica inglesa ter tentado, em vão, organizar a primeira edição do Oxford English Dictionary, empreendeu a tarefa com êxito, pedindo a colaboração de pessoas de todo o país para enviarem palavras correntes, já fora de uso prático ou pouco utilizadas e respectivos significados.
Neste levantamento contou com a erudição e o empenho de um condenado.
A compreensão e atracção que inicia uma amizade nem sempre pode ser detalhada, porque o que nos afasta de alguns é tantas vezes o que nos empurra para outros. Entre estes dois homens nasce uma amizade cúmplice que durou o resto das suas vidas. Mel Gibson e Sean Penn vestem com muita humanidade estes dois seres.
O filme começa com imagens de guerra, destruição e desespero e no meio de tanto desalento um dos meninos que sobrevive, órfão, vai desafiando a má sorte.
O crescimento nunca é fácil, nem mesmo para os bem nascidos, dado que nem todos chegam a adultos com a nobreza esperada, mas com começos tão trágicos é costume adivinhar-se facilmente o resultado. Ou não.
O rapaz do filme vai crescendo a viver de expedientes - lembrando-se sempre de quem lhe deu a mão tentando, e conseguindo, devolver a outros o que recebeu - até que acaba por conhecer uma mulher que lhe dá todo o amor que não pôde dar a nenhum filho, porque não os teve (Catherine Deneuve continua magnifica).
É uma bonita história de amor. Ultrapassam a precaridade em que vivem com alegria e generosidade, fórmula imbatível, e tudo acaba bem.
Haja amor, esperança e firmeza para não abandonar os sonhos.