ainda a propósito da greve dos estivadores do Porto de Setúbal
não consigo compreender a falta de resposta adequada. Será que é desumana a indignação de quem se levanta todos os dias de manhã para ir trabalhar sempre para o mesmo sítio com sentido de responsabilidade e ganhando o dinheiro de que precisa para viver, ainda que pouco, mas sentindo-se precário no seu esforço? Sendo que o vínculo da empresa com os trabalhadores é diário, sem a garantia de um contrato que lhes dê a segurança de em caso de doença ou de qualquer impossibilidade receberem o ordenado que merecem? Porque em caso de desmerecimento também existem os despedimentos por justa causa.
O que significa hoje ser rico? É a desvalorização das pessoas que deles dependem? Não ser relevante serem servidos por gente pobre, sem assistência médica, alimentar ou higiénica adequada? E os ricos não poderão ficar mal servidos com pessoas que podem, até, contagiá-los?
E a compaixão? E os ideais niveladores esgotam-se com a arbitrariedade das esmolas?
Não compreendo.