Milan Kundera, Os Testamentos Traídos
Estive muito tempo sem ler este escritor, e até me estranhei quando, assim de repente, quase sem pensar, entrei na livraria e comprei dois livros dele. A festa da insignificância e Os testamentos traídos. O primeiro li-o como me lembrava de ler Milan Kundera, sem surpresa. Fala de quatro amigos já com caminho andado e louva as pequenas situações e emoções do dia a dia como o tesouro dourado a alcançar, festejando a insignificância de tudo, sem se importarem verdadeiramente com coisa nenhuma, apesar da ironia habitual quando fala da vida contemporânea – na alusão ao desfile de umbigos - e às feridas antigas da guerra. Para mim é pouco. Preciso de sentir valores sem ironia, como a indignação e a gratidão.
Talvez por isso gostei de ler o segundo livro. Uma reflexão minuciosa sobre, essencialmente duas artes, criar música e escrever romances, mas também sobre a lealdade. De quem recebe e divulga as obras e o mau uso que tantas vezes ocorre.