o amor é o fio de prumo
pintura a óleo, Rui Couto
e não pode, nunca, deixar de o ser. Devemos estar a viver um longo intervalo.
Ninguém pode ficar indiferente ao ouvir as notícias no país e no mundo, há uma espécie de epidemia de desgraças e de desconsolo.
E as guerras? E os povos sem eira nem beira andando em fila à espera de quem os ajude? Quem as fomenta e lucra com isso? São os países que os acolhem? É brutal toda esta hipocrisia.
Numa época em que é possível reconstituir o dia de qualquer um, com os registos dos pagamentos por multibanco, portagens e telemóveis, estes assuntos graves não são aclarados, porque o dinheiro tomou conta de tudo, é uma religião fanática.
E o trabalho? Não pode continuar a ser desmerecido, é um direito e um dever de qualquer ser humano ser útil socialmente e ser pago por isso. Um bordado de Viana do Castelo, os tapetes de Arraiolos e tantos outros emblemas da nossa cultura não podem ser comparados com outros semelhantes, executados à pressa, em máquinas. O parecido não é igual. Isto não é ser competitivo, é nivelar por baixo.
Pois eu - e creio que muitos de nós - não me conformo.
Não podemos assumir que a normalidade agora – conceito moderno – é assim. E ouvir falar de casos bem sucedidos - como se mostrassem um campo pulverizado com insecticidas onde sobreviveu um caracol - com tanta competição, leva-nos a viver numa sociedade doente, implacável, esquecendo a generosidade e a dignidade.
Quem é que pode dizer-se feliz se, à sua volta, houver tanta precaridade com falta de esperança e alegria?
O amor – nas várias vertentes construtivas - tem de continuar a ser o nosso fio de prumo.
Acabou o intervalo. Passemos ao Acto.