O livro do silêncio, Sara Maitland
gostei muito de ler este livro em registo autobiográfico e de uma autenticidade contagiante. Senti-me tão em consonância que reflectia com ela nos vários tipos de silêncio e na necessidade que me é tão familiar da contemplação sem ruídos. Ela confronta o que sente com relatos de pessoas que fizeram experiências semelhantes, integrando a religião e o contexto cultural. Sempre lúcida e empenhada – embora sem certezas – vai assumindo o que não lhe interessa, muda de ambientes, analisa novas sensações e vai ficando mais certa do que procura.
É uma escritora e, por isso, precisa de um pouco de sol na eira e de chuva no nabal, porque o esvaziamento do eu tão necessário à ligação com a natureza – que privilegia e que pratica, deixando cair e diluir interesses, desejos e glórias– diminui-lhe o investimento em si própria, no enriquecimento da confiança, imaginação e entusiasmo, tão importantes para ao acto de criar, e de viver, digo eu.
Mas é sempre nas escolhas que nos fortalecemos e conseguiu o equilíbrio que procurava. Uma boa companhia.