Ruben Östlund, O Quadrado
É um filme fora da caixa e com uma excelente banda sonora.
Começa por tentar definir o que é arte contemporânea, sendo que o critério maior é o dinheiro que se consiga obter, não só pela aderência do público como também, e talvez sobretudo, sensibilizando as doações utilizando, para tanto, promoções bem pensadas e especulativas que provoquem controvérsia. Os assuntos sensatos de aceitação generalizada, por norma, não garantem grandes aderências. A título de exemplo, o curador do museu, numa entrevista, responde/ pergunta à jornalista o que pensaria ela se a sua mala fosse exposta numa das vitrines das salas do museu, considerá-la-ia arte?
Actual e certeiro na avaliação da cultura mercantil, tem várias cenas em que se fica a pensar. Há um jantar de angariação de fundos, chique, em que numa performance de animal/homem controlada e bizarra, facilmente tudo se descontrola entre o actor e os presentes criando o caos. Há uma outra em que por causa do roubo de uma carteira e telemóvel, por descuido do politicamente correcto, a situação ganha contornos impensáveis.
É sempre por pouco. A linha é fininha e de fácil transposição. A elegância é frágil, porque a sociedade é desigual e cria bolsas de revolta imprevistas, especialmente se os marginais, neste caso os mendigos, são úteis na corrente social do irrepreensível.
Interessante e dá-nos mais uma achega para repensarmos até que ponto podemos, ou devemos, ignorar e utilizar quem, à partida, não parece ameaçar-nos.
Sempre com a música que, pensamos, não poderia ser outra.
Imperdível.